Observatório da Paz promove ação de sensibilização junto da diáspora guineense na grande Lisboa para a prevenção do Radicalismo e Extremismo Violento

As diásporas são uma realidade presente em todos os países do mundo. São uma força fundamental na construção das sociedades de destino, mas são também um foco de desenvolvimento dos seus países de origem através das remessas. A comunidade guineense há muito que criou fortes raízes em Portugal e serve de uma importante rede de apoio a quem chega ao território na procura de cuidados de saúde, um sistema de ensino público de qualidade, ou oportunidades de emprego.

Mas as diásporas também se podem constituir como fator de coesão e contribuírem para a paz social, ou serem um foco de instigação ao conflito, à divisão política, étnica, religiosa e social. Podem também ser um importante foco na prevenção da radicalização e do extremismo violento (PREV).

Assim, o projeto Observatório da Paz – Nô Cudji Paz em parceria com a Associação dos Filhos e Amigos de Farim, uma associação de imigrantes guineenses residentes em Portugal, promoveram uma palestra sobre “o papel da diáspora no reforço da coesão nacional e na prevenção do radicalismo e extremismo violento na Guiné-Bissau”, a qual decorreu em Monte Abraão, Conselho de Sintra, na grande Lisboa, na manhã do dia 27 de agosto de 2023.

Bubacar Turé, coordenador do projeto, perante 30 participantes, incluindo jovens e mulheres, aproveitou a ocasião para apresentar o Observatório da Paz, e a forma como está a contribuir para o diálogo e a prevenção da radicalização e do extremismo violento na Guiné-Bissau. Para além dos participantes em sala, a iniciativa foi transmitida em direto pelo Canal Vóz da Diáspora, uma plataforma de informação e comunicação da comunidade guineense em Portugal, com mais de 36 mil seguidores.

Turé começou por apresentar a situação do radicalismo e extremismo violento no mundo e em particular na África Ocidental. Caracterizou o fenómeno, bem como ajudou os participantes a poderem identificar fatores que permitem percecionar a génese ou uma manifestação anterior do fenómeno, a qual se não for devidamente endereçada poderá ser exponenciada como vemos em vários países da sub-região da Guiné-Bissau.

Após o momento mais expositivo, os participantes juntaram-se num debate franco e aberto sobre a disseminação de discursos de ódio e segregacionistas nas redes sociais, como tem vindo a ser protagonizado por alguns membros da comunidade guineense na diáspora, afetando de forma negativa os esforços de coesão social e a consolidação da paz na Guiné-Bissau.

Do encontro, resultaram recomendações para mais iniciativas de sensibilização junto da comunidade guineense na diáspora, inclusive através de vídeos e mensagens sobre a PREV nas redes sociais, bem como procurar engajar as lideranças políticas no processo de reforço de capacidades para a prevenção do radicalismo e extremismo violento.

A Associação dos Filhos e Amigos de Farim (Guiné-Bissau) em Portugal, (A.F.A.F.C.) é uma associação de direito privado, fundada em 2008 em Monte Abraão, Concelho de Sintra e legalmente constituída em Portugal em 2010. A AFAC visa promover a aprendizagem da língua portuguesa, o diálogo intercultural, combater a exclusão social e por fim a integração dos imigrantes nas áreas sociais em Portugal e ajudar os cidadãos carenciados da cidade de Farim (Guiné-Bissau). A AFAFC foi reconhecida como associação representativa de imigrantes, junto do ACM, IP (Alto Comissariado para as Migrações) em 2018.

O Observatório da Paz – Nô Cudji Paz é um projeto financiado pela União Europeia e cofinanciado pelo Instituto Camões e implementado pelo Instituto Marquês de Valle Flôr em conjunto com a Liga Guineense dos Direitos Humanos. Pretende contribuir para o diálogo, promoção da paz e a prevenção da radicalização e do extremismo violento na Guiné-Bissau, através do reforço da participação, trabalho em rede e estabelecimento de parcerias estratégicas entre as Organizações da Sociedade Civil (OSC) e outros atores sociais e políticos.