IMVF e LGDH inauguram escritórios regionais do projeto Observatório da Paz “Nô Cudji Paz” nas províncias Leste e Sul da Guiné-Bissau

Decorreram, nos dias 5 e 6 de novembro, as cerimónias oficiais de inauguração das antenas regionais (escritórios), em Gabu e Buba, respetivamente, do Projeto Observatório da Paz (Nô Cudji Paz), implementado pelo IMVF em estreita parceria com a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) e financiado pela União Europeia.

A cerimónia de inauguração do escritório de Gabu foi presidida pela Governadora da região, a Sra. Elisa Tavares Pinto, na presença dos Comissários Regionais da Polícia de Ordem Pública e da Guarda Nacional, o Régulo Central de Gabu, líderes religiosos, jornalistas e representantes das Organizações da Sociedade Civil (OSC).

Na sua intervenção, a Governadora da Região de Gabu, Sra. Elisa Tavares Pinto referiu:

Estamos a trabalhar na prevenção com as nossas forças de segurança. Sentimos, de facto, pressão, ameaças, sentimos mesmo a ameaça do extremismo religioso na nossa região. Já estamos a trabalhar na prevenção do radicalismo e do extremismo violento. Há pouco tempo houve uma situação concreta, mas as nossas forças de segurança e autoridades tradicionais intervieram para responder à situação.”

A Governadora Sra. Elisa Tavares Pinto não escondeu a sua satisfação pelo facto de aa sua região acolher um dos escritórios provinciais do Projeto Observatório da Paz (Nô Cudji Paz):

É uma grande felicidade para a região de Gabu termos sido escolhidos para albergar este espaço”, frisou.

A Governadora da Região de Gabu aproveitou o ensejo para enaltecer o papel da LGDH, o qual considera complementar à ação governamental e concorre para a eficiência da governação.

O papel da LGDH complementa a Governação, sem o papel da LGDH governamos com deficiência. A LGDH é um ator que contribui para o desenvolvimento do país. A LGDH defende o direito de todos nós”, vincou.

Por seu turno, o Presidente da LGDH, Sr. Augusto Mário da Silva, explicou que:

“Este espaço integra a rede do Observatório da Paz (Nô Cudji Paz), projeto implementado pela LGDH e pelo IMVF.

Segundo o Presidente da LGDH, o projeto

“trata a questão da prevenção do radicalismo e extremismo violento”. Prossegue afirmando que “o mundo inteiro está abalado com fenómenos de radicalismo e extremismo violento, inclusive na nossa sub-região, veja-se a Costa do Marfim, o Burkina Faso, o Mali; há muitos países com manifestação de extremismo. Na Guiné-Bissau não podemos ficar de braços cruzados. Há manifestações deste fenómeno em várias vertentes, na política com recurso a discursos de ódio. Nas relações na comunidade, somos intolerantes uns com os outros e utilizamos discursos muito violentos. E a nível religioso, ouvimos falar na intolerância religiosa, e há pessoas que não sabem conviver com pessoas que não são da sua religião.”

O Régulo Central de Gabu, Saico Embaló, deu os parabéns à LGDH por ter aberto este escritório na região de Gabu e pediu à organização que colabore com os régulos, o poder tradicional, no que toca à questão dos direitos humanos, porque a população está em sintonia com eles.

“Qualquer coisa, a LGDH que nos informe para nós mobilizarmos a comunidade e as autoridades policiais.”

 

Depois do Gabu, a delegação da Liga seguiu para o sul do país onde, no dia 6 de novembro, procedeu à inauguração do escritório provincial sediado na cidade de Buba, região de Quinara. A cerimónia foi presidida pelo Adjunto do Comissário Provincial, Sr. Maino Domingos Fernandes e contou com a presença do Presidente da LGDH, Sr. Augusto Mário da Silva, do Coordenador do Projeto, Sr. Bubacar Turé, bem como de oficiais da Guarda Nacional, líderes tradicionais, religiosos, e membros das OSC e da comunidade local.

O projeto Observatório da Paz (Nô Cudji Paz), que integra um escritório central em Bissau, visa contribuir para a consolidação da paz e coesão nacional na Guiné-Bissau, através do reforço da participação cívica, trabalho em rede e estabelecimento de parcerias estratégicas entre as organizações da sociedade civil e as instituições do Estado.

Ao mesmo tempo estabelece a ligação com 3 antenas provinciais descentralizadas. Estas antenas estão sedeadas em Gabu, Buba e São Domingos com a finalidade de apoiar o trabalho de 26 pontos focais que abrangem as 9 regiões do país. Os pontos focais terão variados perfis, incluindo membros da sociedade civil com experiência em trabalho comunitário, monitorização de direitos humanos e prevenção e gestão de conflitos, assim como membros de associações religiosas, OSC de mulheres e jovens, beneficiárias do projeto.

A cerimónia de inauguração da antena na província norte do país, região de Cacheu, cidade São Domingos está prevista para o dia 19 de novembro de 2022. No total mais de 150 pessoas participaram nas sessões de lançamento dos polos regionais e apresentação regional do Observatório da Paz.